Mais uma vez, cá estamos para mais uma Discografia Comentada. Desta feita, o alvo é o Led Zeppelin. Apesar de existirem como banda por apenas dez anos, aproximadamente, o estrago que o quarteto bretão fez na música é algo de assustador. Foram um dos maiores cultivadores da trilogia sexo, drogas e rock’n’roll. Redimensionaram os limites da selvageria dentro e fora dos palcos e são copiados, indistintamente, por inúmeros grupos sem um centésimo de sua força e capacidade musical. A influência do Led pode ser muito sentida em cada batida pesada sincopada, em cada riff e escalas com feeling blues, em cada baixista de bom senso e em cada vocalista em sua postura de palco. Comentarei a seguir os discos e fatos curiosos que ocorreram durante seu lançamento e turnês. Mas que fique bem claro aqui, para evitar a repetição em cada resenha:
01 – John Henry Bonham é o maior baterista de todos os tempos;
02 – Jimmy Page e sua fascinação pelo ocultismo e misticismo permeram os lançamentos do grupo, bem como seu insuperável perfeccionismo;
03 – John Paul Jones é talvez o baixista mais correto e dedicado de todos os tempos;
04 – Robert Plant, apesar de ser sempre o alvo das críticas por seu jeitão louro/sex-symbol da banda, é um dos vocalistas com maior sentimento quando usa seu gogó.
LED ZEPPELIN I (1969)
Lista de temas
1. Babe I`m Gonna Leave You
2. Black Montain Side
3. Communication Breakdown
4. Dazed And Confused
5. Good Times Bad Times
6. How Many More Times
7. I Can Quit You Baby
8. You Shook me
9. Your Time Is Gonna Come
A história é clássica. Os quatro se encontraram, se trancaram num estúdio, tocaram “Train Kept A Rollin’”, perceberam que eram poderosos juntos e Keith Moon sugeriu o nome que os acompanharia pelos próximos anos. O Zepp ganhou reputação rapidamente como banda ao vivo nos EUA, já que em sua própria terra natal, ninguém lhes dava ouvidos. A Atlantic apostou no quarteto e gravaram “Led Zeppelin I” em apenas 30 horas. Partiram para uma muito bem sucedida turnê pela terra americana. A produção não é das melhores, mas a banda esbanja em fúria e vontade em cada faixa do disco. “Good Times, Bad Times” abre mostrando de cara que o pessoal não estava para brincadeiras. Bonham e sua pedalada dupla de bumbo simples dominam a faixa para Page esmirilhar sua Les Paul, Plant soltar a voz e Jonesy segurar a turma com precisão cirúrgica. “Babe I’m Gonna Leave You” segue o baile numa balada tocante e um momento inspiradíssimo de Plant. E dá-lhe blues! “You Shook Me” e “I Can’t Quit You Babe” (de Willie Dixon) são daquelas músicas de se ficar acompanhando com um copo de conhaque... blues eletrificado até a alma. “Dazed And Confused” é talvez um dos primeiros “hits” ao vivo da banda. Em dsico são seis minutos de viagem completa, e ao vivo beirava a meia hora em algumas situações. Aqui Page introduziu o arco de violino em seu solo. O pobre coitado ficava completamente desfigurado depois que seu dono o arrebentava por inteiro em suas seis cordas. “Your Time Is Gonna Come” e “Black Mountain Song” dão uma quebrada no ritmo, com climas mais amenos, para voltarem à toda com “Communication Breakdown”, um dos rocks mais rasteiros e potentes já feitos. O disco fecha com “How Many More Times”, longa e permeada por efeitos e variações rítmicas. Um belo disco de estréia de uma banda já em sua melhor forma!
LED ZEPPELIN II (1969)
Lista de temas
1. Bring It On Home
2. Heartbreaker
3. Living Loving Maid
4. Moby Dick
5. Ramble On
6. Thank You
7. The Lemon Song
8. What Is And What Should Never Be
9. Whole Lotta Love
No mesmo ano o grupo saiu em turnê novamente pelos EUA, pois a Inglaterra ainda não havia aberto os braços para seus filhos. “II” já traz aquela produção mais própria do Zepp. Bumbão na frente e guitarras mais caprichadas. “Whole Lotta Love” abre a bolacha como um tapa na cara. Em um processo por plágio (já sofrido pela banda em Dazed And Confused, por ser um riff dos Yardbirds, mas neste caso o roubo ocorreu “dentro de casa” digamos assim...), onde foram condenados nos anos 80, a música passou a contar com os quatro integrantes do Led em co-autoria com Willie Dixon (por sua música “You Need Love”). “Thank You” mostra um lado ainda desconhecido do Zepp, harmonias belas e sentimento à flor da pele, impossível não se emocionar com esta música e seu Hammond ao final. “The Lemon Song” e “Livin’ Lovin’ (She’s Just A Woman)” são hard rocks diretos; o primeiro movido à blues e o segundo à sexo (“Livin’ Lovin’...” raramente foi tocada ao vivo, a banda sempre deixou bem claro que nunca gostou desta música). “Heartbreaker” é um dos riffs mais memoráveis de Page (se Blackmore teve “Smoke On The Water”, o Sr. Jimmy aqui teve vários outros, entre eles o de “Heartbreaker”), verdadeiro cartão de visita do Zepp. “What Is And What Should Never Be” é mais um grande momento dos quatro ao revezarem o suave e o pesado. “Bring It On Home” e “Ramble On” possuem muitos ingredientes diferentes: a primeira com o feeling blues de harmônicas e a voz de Plant passada por distorções e a segunda com clima acústico que vai pro saco no refrão. E ao final, temos “Moby Dick”... O bom e velho Bonzo mostrou de uma vez por todas que a bateria tem de ser respeitada como instrumento por si próprio e não como mero acompanhante dos demais músicos. As qualidades de Bonham eram gigantescas quando estava sentado atrás de seu kit e começava a esmurrá-lo impiedosamente. Os outros sempre souberam disto e deram espaço em disco para que mostrasse a que veio. “Moby Dick” é aula para guitarristas, baixistas, vocalistas, tecladistas, etcs, etcs e etcs... Foi durante a turnê de “II” que alguns dos mitos do Zeppelin começaram a ser criados: destruição de hotéis, tragos violentos, abuso de drogas e o famosos caso do peixinho na “perseguida” da groupie, perpetrado por Jimmy Page e um road manager.
LED ZEPPELIN III (1970)
Lista de temas
1. Bron-Y-Our Stomp
2. Celebration Day
3. Friends
4. Gallows Pole
5. Hats Off To (Roy) Harper
6. Inmigrant Song
7. Out On The Titles
8. Since I`ve Been Loving You
9. Tangerine
10. That`s The Way
Os integrantes do Led estavam um tanto cansados das excruciantes turnês e vôos contantes de um lado para o outro, bem como exaustos de serem comparados ao Black Sabbath e associados ao recém criado gênero heavy metal. Fica aqui o meu protesto a todos os “marinheiros de primeira viagem” que não sabem o que falam e lêem em algum lugar que “Led Zeppelin III” é um disco acústico! Isso só demonstra o quanto eles NÃO ouviram “III”. O pessoal resolveu sim, dar uma parada na eletrificação e passaram para instrumentos acústicos, que deram a tônica neste novo disco, mas longe de terem aposentado a bichinha... ela está lá, presente e sorridente em “Immigrant Song” (a faixa “medieval” do Led), no blues sentido “Since I’ve Been Loving You”, “Celebration Day”, “Out On The Tiles” (rockão cheio de mudanças e peso) e “Hats Off (To Roy Harper)” (experimental para os padrões da época, slide, violões e Plant com efeitos no vocal). Os fãs mais hardcore da banda chiaram pacas com a “pretensa” falta de guitarras do disco. Mas a verdade é que o pessoal estava muito inspirado e com a criatividade em dia nas canções que formavam este álbum. “Tangerine” é uma balada clássica com direito à slide guitar viajando ao fundo e “That’s The Way”, também balada, dá o clima “fim de tarde no meio da estrada”. “Friends” cruza as influências de blues com toques de música folk e oriental, fruto dos interesses musicais de Page/Plant. “Gallows Pole” é uma pedrada acústica, com Bonham dando o andamento boogie necessário para o ouvinte ter vontade de sair correndo quebrando tudo. Page sempre foi muito influenciado pelo country e rockabilly, daí surgiu “Bron-Y-Aur Stomp”, um arrasta-pé com direito a backing vocals de Bonham. O que ninguém esperava era o que ainda estava por vir. A banda descansou com “Led Zeppelin III”, mas voltou com tudo a seguir.
LED ZEPPELIN IV (1971)
Lista de temas
1. Black Dog
2. Four Sticks
3. Gong To California
4. Misty Mountain Hop
5. Rock And Roll
6. Stairway To Heaven
7. The Battle Of Evermore
8. When The Levee Breaks.
Alguns o chamam de “Four Symbols”, “Runes Album” outros de “IV”, outros ainda simplesmente de “Led Zeppelin”, enfim... fato é que a banda nunca se pronunciou sobre o nome do álbum de forma unânime. Mas, deixando de lado estas bobagens, vamos ao que interessa. O disco do “véio com feno” era o que o Zepp precisava para ser respeitado de vez e se consolidar como a banda mais importante de sua época. O Sabbath andava pelo caminho contrário, explorando os riffs, o Deep Purple era “a banda do teclado” e já estava fazendo discos com influências de hard rock em detrimento da psicodelia, e com “IV” o Zepp conseguiu colocar seu nome de vez entre os maiores de todos os tempos. Abrangente e dinâmico, pesado e suave, espiritual e físico. Até os fãs que os haviam abandonado no “III” tiveram que dar o braço a torcer pelo brilhantismo deste álbum. Convenhamos, de cara, Page manda ver noutro de seus mais memoráveis riffs, “Black Dog” abre a bolacha chutando o balde e mandando às favas a segurança do violão-banquinho, com um belo trabalho da cozinha Bonham/Jonesy. Muitos acreditam que a batida no contra-tempo foi obra do acaso. Realmente não sei a verdade, mas tenho para mim que Bonzo teria sim a capacidade de ter criado por si só aquele andamento característico e estranho. “Rock’N’Roll” vem na seqüência provando que a banda ainda tinha mais gás para gastar na porrada. Mostre para seus amigos desconhecedores do gênero e eles provavelmente te dirão “pô, me grava isso aí!!”. “The Battle Of Evermore” é mais um experimento com a música oriental (indiana, para ser mais exato) e o folk que sempre acompanhou o Led daqui por diante. Note que nesta faixa, Plant canta com um acelerador de voz, deixando-a mais aguda para acompanhar a cantora Sandy Danny (única participação externa em todos os discos do Led). “Misty Mountain Hop” é um rockão aditivado à batida cheia de “ghost notes” de Bonham e o tecladinho “safado” (no bom sentido, obviamente) de Jonesy. “Four Sticks” cai no clima acústico-pedrada de “Gallows Pole”, mas o nome da música justifica apenas uma coisa: Bonham sempre a tocou com quatro baquetas... moleza? Tente então pra você ver!! “Going To Califórnia” talvez seja a música mais “sem sal” do álbum, não apresenta nada de novo para o Zepp, mas faz parte importante no disco como “Rat Salad” no Paranoid do Sabbath, ou “Never Before” do Machine Head do Purple. “When The Levee Breaks” foi escrita por Page para Bonzo. Já que desta vez não ia ter espaço para solos de bateria, o guitarrista criou a faixa em cima de uma batida forte e típica de Bonham, sincopada e tempestuosa! E aí vamos à “Stairway To Heaven”... O que de novo pode ser dito sobre o clássico absoluto do Led que já não foi dito, discutido e analisado, inclusive em teses acadêmicas mundo afora? Só posso pensar em uma coisa: DEIXE DE SER UM CLICHÊ HUMANO, E PARE DE DIZER “EU NÃO GOSTO DE “STAIRWAY TO HEAVEN” PORQUE É MUITO BATIDA”!!! Pare de falar bobagens!! Você pode sim achá-la batida, isso porque provavelmente, você deve ter escutado pelo menos umas mil vezes antes! Mas jamais diga que é uma música “dã”! Você deve muito à “Stairway”, lembre disto quando for ouvir qualquer disco de stoner rock, hard rock, metal e etcs! Se você for guitarrista, vá a uma loja de guitarras e vá testar sua nova compra TOCANDO “Stairway”! E se o dono vier reclamar, diga pra ele parar de ver “Wayne’s World”, pois se quer originalidade, que ele comece não copiando uma piada de filme! E tenho dito!!! Até 1996, foram vendidas 16 milhões de cópias de “IV”.
HOUSES OF THE HOLY (1973)
Lista de temas
1. D`Yer Mak`Er
2. Dancing Days
3. No Quarter
4. Over The Hill And Far Away
5. The Crunge
6. The Ocean
7. The Rain Song
8. The Song Remains The Same
Com o sucesso gigantesco de “IV”, o Zepp continuou inovando. Houses Of The Holy (todo mundo por aqui fala “hóly” ao invés de “hôly”) é diverso em todos os sentidos. Da abertura “The Song Remains The Same” (quase um aviso aos navegantes que “mudamos sim, mas a idéia é a mesma!”), passando pela bela “The Rain Song” até “The Ocean” (destruída pelo Planet Hemp chamando-a de “Adoled”) o Zepp passeia brilhantemente pelo reggae em “D’yer Mak’er” (reza a lenda que nos ensaios quase todas as músicas eram tocadas em andamento reggae, principalmente “Stairway To Heaven”, e quando a banda Dread Zeppelin lançou seu primeiro disco com músicas do Led em ritmo reggae, os próprios ex-integrantes ficaram maravilhados), o semi-progressivo viajandão de “No Quarter” (que ao vivo virava uma música de mais de vinte minutos com solo de teclado de Jonesy), aos “roquinhos” “The Crunge” e “Dancing Days”. “Over The Hills And Far Away” veio de um riff que Page tinha desde antes do Led começar, antes chamada “White Summer”, com certeza um dos pontos altos do disco. Uma longa turnê sucedeu ao lançamento de “Houses...”. A banda tocava mais de duas horas seu set, com várias improvisações, solos individuais e etcs. O Zepp era uma banda forte ao vivo, isso nunca ninguém negou, mas o mais importante era o fato deles estarem dando o pontapé inicial em shows de grande porte com qualidade. Até então era comum shows em estádios, campos à céu aberto, mas a qualidade sonora que chegava aos ouvidos do público era lamentável. O Zepp colocava telões quando necessário e fazia de tudo para que aquela pessoa que estivesse lá no fundão pudesse ouvir quase tão bem quanto alguém no “gargarejo”. Agora, a crítica, como sempre, não perdoou a banda (aliás, como dito antes, a revista Rolling Stone só foi dar o crédito merecido ao Zeppelin muito tempo depois). A diversificação foi taxada pelos “entendidos” como “falta de direção”, “tiroteio de cego” e “lixo”... mais uma vez... não confie em tudo que você lê, já que papel aceita tudo.
PHYSICAL GRAFFITI (1975)
Dois anos se passaram desde “Houses” e o Led fundou sua gravadora “Swan Song” e entrou na turma do “álbum duplo”. Muito comum nos anos 70 e sempre indicados pelos fãs como “o melhor trabalho”. Exemplos disto são “White Álbum” dos Beatles, “Exile On Main Street” dos Stones, mais tarde “The Wall” do Pink Floyd, entre outros. Não só isso, mas também a arte do disco é uma capítulo à parte, com a facha do prédio e a janelinhas. Enfim, “Physical Graphitti” é um disco maravilhoso de cabo à rabo. A bolacha abre com “Custard Pie”, seguida de “The Rover” (um épico), indo para a sensacional “In My Time Of Dying” (slides, peso, viradas complexas e uma das letras mais interessantes de Plant... Page, depois de Stairway, deixou-as todas à cargo de Robert Plant), “Houses Of The Holy” e “Trampled Underfoot” dão o peso e rock básico necessários em todos os álbuns da banda. Uma bela amelodia acústica em “Bron-Yr-Aur”,a delicadez de “Down By The Seaside” e “Tem Years Gone”, para voltar à porrada em “Night Flight”, “The Wanton Song” e “Sick Again”. Ainda, mostrando despojamento, a banda grava na fazenda de Jimmy uma parte de “Black Country Woman”, sendo terminada em estúdio com a adição da bateria certeira de bonzo e do baixo preciso de Jonesy. “Boogie With Stu” é uma releitura de tudo que o pessoal aprendeu naquele rock ingênuo dos anos 50/60. E, finalmente, “Kashmir”. Talvez umas das músicas mais emblemáticas do Led. Mistura as influências orientais de Plant e Page, a cacetada de Bonham e a classe de Jonesy. Puff Daddy regravou a música para a trilha sonora de “Godzilla” com Page na guitarra. Segundo o rapper, ele não tinha contato com a música do Led, até assistir uma propaganda de uma coletânea da banda e ouvir a batida forte de “Kashmir” (o que ele fez com a música poderia ser considerado crime... destruiu a coitada com a aprovação de Page...). A banda eu o pontapé inicial na turnê, mas logo teve que parar... Robert Plant e sua esposa Maureen sofreram um acidente de carro na Grécia que os deixou de cama por um bom tempo. Plant hospitalizado, bonham em níveis altíssimos de alcoolismo, Page iniciando a luta contra o vício da heroína... tudo isso somado resultou em um ano praticamente parado para o Zepp. Page para não ficar ocioso começou a produzir o vídeo “The Song Remains The Same”, com o show da banda no Madison Square Garden, EUA.
THE SONG REMAINS THE SAME (1976)
Lista de temas
1. Rock and Roll
2. Celebration Day
3. The Song Remains The Same
4. Rain Song
5. Dazed and Confused
Disco 2
Tracklist:
1-No Quarter
2. Stairway to Heaven
3. Moby Dick
4. Whole Lotta Love
Gravado em 1973 e lançado apenas em 1976, “The Song Remains The Same” foi cercado por problemas. Os últimos acontecimentos na vida pessoal dos membros da banda tornou o processo de escolha de imagens e áudio mais sofrido. Até que Page resolveu sentar e praticamente sozinho concluiu o projeto. O vídeo (no Brasil brilhantemente nomeado de “Rock É Rock Mesmo”) contava com a apresentação do Led no Madison Square Garden, na turnê de Houses Of The Holy. A banda nunca ficou satisfeita com aquela apresentação, mas era o que de melhor possuíam para lançamento no momento. Vários overdubs foram incluídos no áudio, devido a precariedade com que foi gravado. Além disso, os quatro integrantes filmaram em separado cenas que representavam algo do seu imaginário. O filme inicia com o “mafioso” Peter Grant, passa pelos delírios medievais de Robert Plant (“The Rain Song” e “The Song Remains The Same”, ao ocultismo de Jimmy Page (“Dazed And Confused”), ao “cavaleiro da meia-noite” John Paul Jones (“No Quarter”) e ao bonachão Bonzo (“Moby Dick”). O disco ainda contém a abertura “Rock And Roll”, “Celebration Day”, “Stairway To Heaven” e “Whole Lotta Love” (o video ainda possui “Black Dog” e “Heartbreaker”). A verdade é que durante anos os fãs tiveram que se contentar com este único lançamento oficial ao vivo do quarteto e pilhas de cd’s, vinis e k7s piratas. Neste ano foi lançado “How The West Was Won” e o DVD duplo com shows do Zeppelin que saciaram um pouco a sede por um material superior que pudesse condizer com as performances ao vivo do conjunto. Ao menos, “The Song...” serviu para alegra-los em momentos difíceis duranto os anos 70... mas a tragédia voltavaria a abalar o Zeppelin de chumbo...
PRESENCE (1976)
Logo após o lançamento do vídeo e disco “The Song Remains The Same” a banda volta ao estúdio para gravar seu novo álbum. Robert Plant gravou todos os vocais numa cadeira de rodas, ainda devido ao acidente que sofreu no início do ano de 1976. Page estava se recuperando de seu vício em heroína, porém estava cada vez mais ligado ao ocultismo. O rapaz comprou manuscritos e a casa onde Aleister Crowley morou e morreu velho e esquecido. Uma única entrevista foi concedida por Page falando sobre o assunto, ele disse que “uma vez que você estuda o ocultismo, como eu, não poderás mais ficar quieto frente à tudo que a vida nos mostra diariamente”. Enigmático ou não, o fato é que o moço, desde a turnê de “Houses” tinha bordado debaixo dm todas as suas roupas de palco o número “666”. Reza a lenda que ¾ do Zepp teria feito o tal “contrato com o tinhoso” e que agora ele estaria cobrando sua dívida. Page começou a enlouquecer, Plant sofreu o acidente e logo iria testemunhar a morte de seu filho Karak (sem falar na sua crescente perda de potência vocal) e Bonzo alcóolatra brincando com os limites físicos praticamente todos os dias. E o disco? Buenas, “Presence” não é o melhor trabalho do grupo, mas com certeza mantém o interesse dos fãs. “Achilles Last Stand” abre com seus mais de dez minutos ininterruptos de pancadaria musical épica. “Hots On For Nowhere”, “For Your Life” e “Royal Orleans” são cadenciadas com as viradas sincopadas de Bonham dando o tom. “Nobody’s Fault But Mine” é o momento de ouro deste álbum. Viajandona, flangers e uma batida irresistível permeando os 6:16 min. em sua totalidade. Rock dos bãos, como só o Zepp sabe fazer! “Candy Store Rock” volta às experimentações que fizeram do Led uma banda versátil. Rock básico com Bonham descontruindo todo o ritmo em uma levada cheia de swing. Após discos quase sem blues (“IV”, “Houses” e “Phisical Graphitti”), o pessoal volta com “Tea For One”. Um blues mais “óbvio” do que seus antecessores “Since I’ve Been Loving You”, “You Shook Me” e “Bring It On Home”, mas sem perder o peso característico e sentimento passional em cada nota atingida pelo quarteto. Como dito antes, a turnê de “Presence” foi interrompida em seu nascedouro devido à morte prematura e inesperada de Karak, filho de Robert Plant. O impacto foi gigante no vocalista que quase largou tudo pro ar de tanto desespero.
IN TROUGH THE OUT DOOR (1979)
Os integrantes do Led sempre tiveram um relacionamento pra lá de familiar e compreensivo. Todas as tragédias pessoais de seus integrantes acionavam os demais que tomavam as dores e faziam de tudo pelo seu companheiro. Robert Plant teve todo o tempo do mundo para pensar e se recuperar do falecimento de seu filho. Foi só quando ele deu o ok para voltarem que a banda se encontrou e então começaram a compor para o novo disco. “In Through The Out Door” não é o melhor disco do Zepp. Plant já não cantava como antes, Page não estava tão brilhante em seus riffs, Bonham se manteve como um baterista brilhante, mas sem muitas chances para mostrar serviço neste disco e Jonesy que teve seu maior mérito em manter a banda viva e atuante. “In The Evening” abre o disco cheia de teclados, sintetizadores e a banda tentando criar o clima rock de sempre. “South Bound Saurez” vem em seguida com seu pianinho “bar do velho oeste” num country boogie irresistível. “Hot Dog” é outro momento totalmente country rockabilly. “Fool In The Rain” é, na minha opinião, o grande momento de “In Through…”. Inovando e sem medo de pisar em terrenos musicais novos, o Zepp caiu na farra e saiu com uma música quase “caribenha” com direito a um semi-samba ao meio e final. “Carouselambra” é, na menor das comparações, uma perda de tempo e de fita magnética. É uma daquelas músicas que não faz falta e que pode ser facilmente esquecida. Sintetizadores à toda... “I’m Gonna Crawl” é um blues insosso e simplório. Se antes Page dominava os blues da banda com sua guitarra pontual, aqui deixou espaço para um tecladão que, apesar de dar uma certa “classe” à música, botou tudo a perder. E, finalmente, “All My Love”. Canção emblemática do Zepp. Muitos a odeiam e acham uma verdadeira “balada bunda mole”. Confesso que nunca fui muito fã, e continuo não a ouvindo muito, mas depois de saber a história por trás dela, seu significado mudou muito. Esta canção foi escrita em homenagem à Karak. Page, perfeccionista de carteirinha em estúdio, só conseguiu um único take de Plant cantando-a, e foi o bastante. A interpretação de Plant supera todo o restante do disco. De novo: um único take e pronto! Emoção à flor da pele. Curiosidade: na época de seu lançamento em vinil, a capa vinha coberta por um papelão carimbada com o nome da banda e do disco. Motivo? A foto da capa mostrava um homem bebendo umas e outras... e as pessoas sérias e de bem interpretaram-na como apologia à embriaguez e à esbórnia... Damn...
O FIM – 25 de setembro de 1980
No dia 26 de setembro de 1980, Windsor, Inglaterra, John Bonham foi encontrado morto devido a uma noite de excessos homéricos. Reza a lenda que o baterista ingeriu 40 doses de Vodca numa só noite e sufocou em seu vômito enquanto dormia (mesmo destino de Bom Scott e tantos outros). A banda estava a recém iniciando a turnê de “In Through The Out Door”, mas foi o bastante para que todos os remanescentes declarassem o fim do Led Zeppelin. Ninguém poderia jamais substituí-lo.
CODA (1982)
Lista de temas
. Bonzo's Montreaux
. Darlene
. I Can`t Quit You Baby
. Ozone Baby
. Poor Tom
. Walter`s Walk
. We`Re Gonna Groove
. Wearing and Tearing
Em homenagem a Bonzo, Page reuniu gravações e outtakes de músicas inéditas e uma versão infinitamente superior de “I Can’t Quit You Baby” para “Coda”. “We’re Gonna Groove” era a música de abertura de seus shows na época de “II” e “I”, “Poor Tom” mostra Bonham segurando a onda em viradas certeiras de um blues-folk gravado em 1970, para “Led Zeppelin III”. “Darlene” e “Ozone Baby” são outtakes interessantes de “Presence”. Não depõem contra o legado do Zepp. “Walter’s Walk” é um outtake de “Houses…”. “Wearing And Tearing” sozinha já vale o disco (junto com “We’re Gonna Groove” e “Bonzo’s Montreaux”), rockão aditivado e violento. Finalmente, “Bonzo’s Montreaux” é uma gravação de Bonzo na época do álbum “Presence”.
Muitas bandas foram influenciadas pelo Zepp, mas nenhuma chegou nem de perto a conseguir um décimo de sua relevância e versatilidade. Nos anos 80, vários grupos foram tidos como o “novo Led”: Kingdom Come, The Mission, The Cult, Guns’N’Roses, entre outros tentaram, mas jamais teriam chegado perto, mesmo que tentassem com muito esforço. O grande lance do Zeppelin foi justamente ter vivido o momento e não ter caído nas armadilhas do lucro fácil. Após o encerramente de suas atividades, Page e Plant partiram em carreira solos medíocres (porém bem sucedidas, ao menos no caso de Plant e Page com os Black Crowes) e Jonesy trabalhou como produtor (The Mission - Children e Butthole Surfers – Independent Worm Saloon, entre outros). Em 1985 os três remanescentes, mais Jason Bonham (filho do hômi) se reuniram para o Live Aid e em 1988 na festa de 25 anos da Atlantic. Nenhuma destas voltas foi de grande importância. Talvez tentando recriara a aura Zepelliniana, Page chamou David Coverdale (sempre cirticado por ser um clone de Plant no modo de cantar e de se movimentar em shows) no projeto Coverdale/Page, que rendeu um único disco e acabou sem mais nem menos. Anos depois, Page e Plant resolveram suas diferenças e gravaram “No Quarter - Unledded”, um semi-acústico com músicas do Zepp e algumas novas colaborações entre ambos. Mais presente para os fãs, em 1997 é lançado “BBC Sessions” contendo gravações da banda para a rádio londrina. Presentão para os fãs ávidos por material ao vivo. A reunião de Page e Plant ainda rendeu um disco de músicas inéditas, “Walking Into Clarksdale” de 1998. John Paul Jones preferiu distância desta “reunião” (os três remanescente nunca se deram muito bem fora dos negócios do Zepp).
Sempre atrás do passado, Page se juntou ao Black Crowes em 2000 para uma hiper bem sucedida turnê conjunta tocando apenas músicas do Zepp e alguns standarts de blues. Gerou o cd duplo “Live At The Greek”. Muitas comparações foram feitas, principalmente entre Chris robinson e Robert Plant, já que o álbum parecia uma mensagem de Page para seu ex-companheiro de baladas, do tipo “se você não tem mais voz, eu achei outro cara que consegue”. Intrigas e opiniões à parte, este disco é um item também necessário em sua coleção.
Atualmente, se celebra o lançamento do cd triplo “How The West Was Won” e do DVD duplo auto-intitulado. Itens que você não pode, de forma alguma deixar de ter em sua coleção. As gravações são espetaculares e são verdadeiro testamento da força da banda em cima do palco. Milhões de vezes superior a “The Song Remains The Same” e uma esperança de que, em breve, surjam mais gravações perdidas do Zepp por aí!
**2007:
- Está planejado para até o final do ano o relançamento do filme "The Song Remains The Same", com músicas extras, entrevistas, etc.
- Durante o mês de setembro foi anunciada uma possível reunião dos três remanescentes para alguns shows. Resta saber se é verdade.
BBC SESSIONS (1997)
Lista de temas
CD 1
1. You Shook Me
2. I Can't Quit You Baby
3. Communication Breakdown
4. Dazed and Confused
5. The Girl I Love She Got Long Black Wavy Hair
6. What Is and What Should Never Be
7. Communication Breakdown
8. Traveling Riverside Blues
9. Whole Lotta Love
10. Somethin' Else
11. Communication Breakdown
12. I Can't Quit You Baby
13. You Shook Me
14. How Many More Times
CD 2
1. Immigrant Song
2. Heartbreaker
3. Since I've Been Loving You
4. Black Dog
5. Dazed and Confused
6. Stairway to Heaven
7. Going to California
8. That's the Way
9. Whole Lotta Love
10. Thank You
HOW THE WEST WAS WON (2003)
Lista de temas
CD 1
1. L.A. Drone
2. Immigrant Song
3. Heartbreaker
4. Black Dog
5. Over the Hills and Far Away
6. Since I've Been Loving You
7. Stairway to Heaven
8. Going to California
9. That's the Way
10. Bron-Yr-Aur Stomp
CD 2
1. Dazed and Confused
2. Walter's Walk
3. The Crunge
4. What Is and What Should Never Be
5. Dancing Days
6. Moby Dick
CD 3
1. Whole Lotta Love
2. Boogie Chillun
3. Let's Have a Party
4. Hello Mary Lou
5. Going Down Slow
6. Rock and Roll
7. The Ocean
8. Bring It On Home
MOTHERSHIP (2007)
Lista de temas
CD 1
1. Good Times Bad Times
2. Communication Breakdown
3. Dazed and Confused
4. Babe I’m Gonna Leave You
5. Whole Lotta Love
6. Ramble On
7. Heartbreaker
8. Immigrant Song
9. Since I’ve Been Loving You
10. Rock and Roll
11. Black Dog
12. When The Levee Breaks
13. Stairway To Heaven
CD 2
1. Song Remains The Same
2. Over The Hills And Far Away
3. D’Yer Maker
4. No Quarter
5. Trampled Under Foot
6. Houses Of The Holy
7. Kashmir
8. Nobody’s Fault But Mine
9. Achilles Last Stand
10. In The Evening
11. All My Love
PASS: fender
Live At 02 Arena, London, 2007 [2CD] Uk Heavy Rock
CARREIRAS SOLO PÓS LED ZEPPELIN – DISCOGRAFIA
ROBERT PLANT
Pictures At Eleven – 1982
The Principle Of Moments – 1983
The Honeydrippers – 1984 (banda com Brian Setzer)
Shaken’ And Stirred – 1985
Now And Zen – 1988
Manic Nirvana – 1990
Fate Of Nations – 1993
No Quarter Robert Plant And Jimmy Page Unledded – 1994
Walking Into Clarksdale - 1998
Dream Land – 2003
Mighty Rearranger 2005
Sixty Six To Timbuktu 2006
Raising Sand 2007
JIMMY PAGE
Death Wish II – 1982 (trilha Sonora do filme “Desejo de Matar II)
The Firm – 1985 (banda que contava com Paul Rodgers)
The Firm – Mean Business - 1986
Outrider – 1988
Coverdale/Page – 1993
Live At The Greek – 2000 (com o Black Crowes)
JOHN PAUL JONES
Zooma – 1999
Lovin’ up A Storm – 2000
The Thunderthief - 2001
Nenhum comentário:
Postar um comentário